Pelo Direito de Ser....
“Trouxa é um termo pejorativo informal usado para qualificar uma pessoa que que é facilmente enganada.”
Trouxa também define meu exagero em ser completa quando eu me entrego numa relação. Cafona, piegas, brega… chamem como quiser. É ser inteira sem esperar que seja recíproco, porque sentimentos sinceros valem a pena. É ouvir “obrigado”, ao fazer um favor e nem fazer questão de responder “de nada”, favores são feitos de bom grado. Pelo menos por mim, pelo meu coração.
Ingênua, talvez. Inocente, não. Intensa, com certeza.
Eu quero ter o direito de sonhar acordada, mesmo que racionalmente eu esteja certa que é só mais um. Quero ter o direito de colecionar crushs e querer aquele me ignora, porque eu nasci com o signo que é conquistado quando ignorado. Vai entender. Quero ter o direito de quebrar a cara, ligar para ele repetidas vezes e dizer o que talvez seja tarde. Mas que eu diga. Que não passe em branco. Que não fique nas entrelinhas. Que não morra em mim.
O vazio ocupa um espaço que não me cabe. Que eu tenha o direito de ser preenchida com borboletas, sonhos e desejos.
E se o resultado da relação for falha, que eu tenha o direito de choramingar e repetir mil vezes pra mim mesma “eu sabia, eu sabia”. E logo depois me apaixonar por outro possível homem da minha vida e gargalhar pelas decepções anteriores, porque é isso o que acontece no final. A gente ri das próprias merdas. Já o que o resultado é graça, que eu tenha o direito de errar mais vezes.
E se der saudade, que eu faça dela brigadeiro de panela. E se eu estiver na TPM e não saber lidar com a dor, tá tudo bem. Que eu tenha o direito de chorar, de ligar para as minhas amigas e elas me socorrerem com colo e tequila. E se der vontade de ver, que eu tenha o direito de chamar para sair. E não for pra ser, que não seja então.
Se ser trouxa é a definição de quem é facilmente enganada, que a culpa em ser trouxa não seja minha. Mas de quem engana. Uma vez inteira, sempre intensa.
A minha essência é leve. As dores são passageiras. As vontades são momentâneas. As lembranças são eternas, mesmo que a gente lute para esquecer o que não vale a pena lembrar. Então, que eu tenha direito de dissecar cada relação minha, até encontrar um detalhe bom. Já que é pra viver com um fardo (ou não) de lembranças, que eu tenha as melhores, independente de quem não merece.
Eu quero mais abraços apertados, mais beijos, mais declarações, mais risos fáceis. Quero ficar boba, dignamente como eu tivesse 14 anos, tirar prints e encher minhas amigas falando dele. Só dele. Quero sentir o gosto de um amor tranquilo e insistir na ideia de que todos os homens não são iguais. Que existe sim, uma exceção à regra.
Que eu tenha o direito em ser trouxa e me doar sem sentir vergonha de quem eu sou. Se eu não fui página para virar livro na vida de alguém, eu vou me rascunhando e criando a minha própria história.
Todo fim é necessário para um recomeço.
Se ser trouxa é a definição de quem se entrega, eu sou trouxa. E que eu tenha o direito de ser.
- Ana da Mata
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